sábado, 19 de junho de 2010

Lembranças de uma Poetisa Mirim

Quando eu tinha 9 anos
Eu cometia poesias 
Rima rica, rima pobre
Rima certa, rima torta
Nada disso me importava 
E ainda não me importa. 


Falava do que queria 
Do que gostava ou sabia 
Poetava sobre o amor 
Que eu supunha sentir.
De versos vestia meus sonhos
Meus anseios e fantasias.


"Esta menina vai longe"
dizia o meu tio Wandick
"Tem talento, tem estilo, 
Incentivar é preciso"!
Minha mãe, então, sorria
De orgulho?  De ironia ?


Nos colégios onde estudava
As freiras não me aguentavam
Viviam querendo saber 
O que meus versos contavam
Para tudo eu fazia versos
Sobre tudo eu poetava.


Em versos eu falava de amor
De sexo ... (eu maliciava!)
Falava de minhas ilusões
De muita coisa ou de nada
Usei meus versos a
Pra torcidas organizadas.


Outra coisa eu fazia
Com músicas de sucesso: 
Dava-lhes um novo sentido 
E novas letras, com meus versos.
Isto me dava prazer
Me enchia de alegria
Pois nesse meu versejar
Tive cada parceria!


A gente cresce, embrutece
Com as marcas que a vida traz
Perde a alegria e o encanto
Nem a poesia flui mais.
A gente fica sem jeito
De mostrar o sentimento
Tem vergonha e desconforto
Nada sai fácil ou direito.


Então a poesia se encolhe
Fica triste, empalidece
Fica amarga até que um dia
De poetar a gente esquece
E no fundo das gavetas
De armários ou do inconsciente
Ficam nossas fantasias
Fica a poesia da gente.


Por Rosa Maria Pacini
Escrita em 1990 


Encerro deixando o link para um vídeo com a música "Velha Infância" nas vozes dos Tribalistas.


http://www.youtube.com/watch?v=Il6OwhsebMc


  

5 comentários:

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  2. Linda Rosa! Toda ela...Mas para esse trecho em especial vale a frase de Che Guevara "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."


    "Então a poesia se encolhe
    Fica triste, empalidece
    Fica amarga até que um dia
    De poetar a gente esquece
    E no fundo das gavetas
    De armários ou do inconsciente
    Ficam nossas fantasias
    Fica a poesia da gente."

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  3. Oi, Edna, você descobriu minhas poesias por aqui. rsrsrs. Eu tenho cadernos delas, mas não me animo muito em publicá-las.
    Obrigada pelo comentário, como sempre muito generoso.
    E, assim como você, concordo com Che Guevera: não se pode perder a ternura jamais!
    Bjs

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  4. Então anime-se...
    Um caderno ou gaveta não é um bom lugar para os poemas...
    Compartilhe com a gente!
    Bjs

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  5. Hahaha, vou pensar nisso!
    Muito obrigada pelo incentivo, minha querida.
    Bjs

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