sábado, 8 de maio de 2010

É Dia das Mães!


Amanhã, 09/05, é Dia das Mães. Como eu não sou mãe, e a minha já faleceu há 38 anos, fico a relembrar momentos que vivemos juntas. 
 Minha mãe chamava-se Maria, por isso eu e minha irmã recebemos este nome complementar, afinal, nascemos em uma época que era comum dar às crianças dois nomes. Enquanto o meu nome homenageia a minha avó paterna, Rosa, o da minha irmã, Elisa, homenageava a minha avó materna. Assim sendo, as gêmeas que a minha mãe trouxe ao mundo chamaram-se: Maria Elisa e Rosa Maria.

 Loira, de olhos azuis, bonita, embora tivesse se tornado obesa com o passar do tempo, minha mãe era muito bem humorada, criativa, generosa, sensível, afetuosa e dedicada. Dotada de bela voz, ela cantava muito bem; já minha irmã e eu não fazíamos jus a ela neste quesito.
Minha mãe também era ótima dançarina embora eu só me lembre de tê-la visto dançar em casa, conosco. Ela tinha prazer em nos ensinar a dançar e costumava fazê-lo com muita alegria e bom humor. Havia sábados à noite, por exemplo, em que ela afastava para um canto a mesa da sala de jantar, ou até mesmo a da copa, e transformava o local em uma pista de baile; e ficávamos algumas horas naquela brincadeira agradável. Neste ponto eu me pareço muito com ela, pois herdei o mesmo gosto pela dança.

 Mas creio que a sua melhor performance foi mesmo no exercício da maternidade, pois apesar de não ter tido acesso a grandes estudos, soube criar com muita inteligência e dignidade a sua prole.

Tendo ficado viúva ainda moça, com 4 filhos para criar, minha mãe optou por montar nosso lar sempre em casas muito amplas, pois acreditava que assim ela estaria nos dando condições de receber amigos, sem que precisássemos sair para brincar na rua ou na casa alheia. E, em função disso, minha casa acabava se tornando ponto de encontro não só de amigos, mas também de familiares.
Penúltima filha de minha avó Elizabetta e do meu avô Ferdinando, um casal de imigrantes italianos, minha mãe tinha 6 irmãs e todas eram muito unidas - isso não significa que não houvesse discórdias e até mesmo alguns períodos de rupturas nessas relações, porém, nada que durasse para sempre.  
Além dos encontros semanais que ocorriam às quartas-feiras, quando todas as irmãs se reuniam lá em casa, havia as passagens rápidas no dia da feira, sábado, bem como outras visitas eventuais e até mesmo almoços aos domingos. Mas há algo que eu até hoje me lembro com bom humor: alguns de meus primos e, mais tarde, os filhos deles, vinham “passar férias” na minha casa, sendo que morávamos no mesmo bairro rsrsrs. E a minha mãe acolhia a todos com muita alegria e generosidade.  

Tal acolhida era extensiva aos amigos que fazíamos nas mais diversas fases da vida. Eu me lembro, neste exato momento, de duas passagens interessantes. 
A primeira envolve os amigos de meu irmão Fernando, que lá estavam para estudar. Eles formavam um grupo de 6 ou 8 pessoas, já não me recordo bem do número exato, e como a hora do jantar se aproximava minha mãe pediu-me para perguntar-lhes quem deles jantaria conosco. Acreditando que iriam deixá-la em uma saia justa todos se fizeram convidados, pois não esperavam que ela os acolhesse, já que nossa família tinha 6 membros. Minha mãe não teve dúvida, preparou na hora o jantar para 12 ou 14 pessoas, o qual foi um sucesso, como sempre. Minha mãe cozinhava magnificamente bem!  

A outra passagem ocorreu quando eu já estava na faculdade. Era sábado à tarde, eu e alguns amigos havíamos ido ao casamento de uma colega de classe. Como não houve festa e a cerimônia acabou cedo, eu resolvi convidá-los para esticarem até em casa. E quando começou a anoitecer minha mãe os convidou para jantar... 
Aqui faço um parêntese: Aos sábados era praxe a gente ter convidados para apreciar as pizzas que ela fazia – se bem que às vezes ela nos brindava com suas esfihas, cuja receita aprendera com uma de minhas amigas, Georgette Abiad, nascida em Damasco.  
Mas voltando ao relato, a maioria desses meus colegas ainda não conhecia minha mãe e quando eles se depararam com aquela mulher tão despachada e bem humorada, olharam para mim e disseram: “Ah, Rosa, o seu cartaz acabou. A gente pensava que você fosse autêntica, mas você é cópia de sua mãe” rsrsrs. E eu, em vez de ficar chateada, fiquei foi orgulhosa, pois, apesar de nossas diferenças de opiniões, eu achava a minha mãe o máximo!  
Minha casa era assim: sempre movimentada, sempre com convidados para almoços, jantares, lanches da tarde e até mesmo para hospedagem de pessoas queridas que necessitassem de abrigo, temporário ou não.  
São tantas as histórias saborosas associadas à minha mãe, às minha infância e adolescência e até mesmo à minha mocidade, que não cabem no espaço de um blog.  
Minha mãe faleceu pouco tempo depois de eu ter completado 27 anos, deixando, além de gratíssimas lembranças, uma saudade imensa!  
Encerro postando o link para uma música que a minha mãe amava e que a emocionava sempre que ela a ouvia, pois o mesmo ocorre comigo até hoje! Chama-se "Mamma son tanto felice" e eu escolhi uma versão que ainda não conhecia porque além de ser interpretada por uma mulher, Anna Liani, ela é à capella; afinal era assim que a minha mãe e eu cantávamos juntas esta canção!

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